quinta-feira, 31 de maio de 2012

Quadro surreal


O vestido verde levantou
quando os cogumelos saíram rodopiando
pela Rua Quinze de Novembro
ela tomava sorvete de baunilha
a outra seguia seus passos
entrevendo a pinta na batata da perna
o sinal fechou
enfim encontraram-se na esquina da Floriano
o gato azul roçou-lhe as pernas
e o vestido cambiou de cores
o sorvete caiu
a outra lambuzou as mãos
vermelha de vestido azul
percebeu algo mais nas mãos da outra
daqui até lá, aonde não sei, divido com você
a cara da outra se partiu
e logo se abriu o sinal
continuou a seguindo 
em passos falsos de tango


Juliana Nunes
Oficina de Poesia Biblioteca Pelotense – 31/05/2012

o quebratório da louça inútil


Tive vontade de quebrar
A louça da minha avó
A inutilidade de viver para
Juntar xícaras, bules e pratos
De colar a cabeça do Padre Réus
Do pato que se partiu em mil pedaços
Da japonesa que cansou de estar pendurada
Há vinte anos na mesma parede
Que vontade de quebrar a louça da D. Angélica
A louça das Bodas de Ouro
As canecas de par
onde ela e o Sr. Chico nunca tomarão café
vontade de quebrar o bule
comprado na Colônia do Sacramento
Esse o quebrarei!
Com uma funda bem no meio na testa

30/05/2012 – oficina de poesia da Biblioteca Pelotense

quarta-feira, 16 de maio de 2012

La Baratinha


Baratinha miudinha
Que rói a roupa da Julinha
Julinha que suspira
Palavras em “espanglês”
Julinha odeia a baratinha do inglês!
Melita recita
Un sonido impertinente
Cala-te niña!
Quiero escuchar la baratita em francês!
Por Dios! Le grito
La barata em francês?
Claro! Chica loca
La barata cucaracha
Sólo habla en portugês!

Oficina de Poesia da Biblioteca Pública Pelotense