quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Descascando poesia



O corte na batata da perna
e a poesia que descasquei
fizeram feridas
nos calos da minha boca



24 a 30 de agosto de 2012 – Montevideo/Pelotas - Invernos

La melodia de cuscos

Desencantado no chão

o violão reclamava

a saborosa melodia

pedindo beijos

ao cusco!

 

 

24 a 30 de agosto de 2012 – Montevideo/Pelotas - Invernos

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

tenho a companhia 
do poema e do vinho
e isso me basta!
ecoa no porto selvagem
o cheiro de uma voz
e não a consigo pegar
o vento sibila
para as árvores
uivos
de cachorros no cio
por que ladrilho da noite
cai sobre minha cabeça

 24/08/2012 - Montevideo - Inverno
Deusa Diana
salve-me do vinho
mantenha no meu colo
a cachorrinha
e me faça
arlequim temporão 


24/08/2012 - Montevideo - Inverno
finalmente la estrellita
na boca do vinho
e do sujo
miro um quadro repartido
agora em mangas de camisa
na devassidão dessa casa
digo adeus sem o som
da palavra
poeta
poeta
leve a sério
o coração



24 de agosto de 2012 - Montevideo - Inverno

Agosto de 2008

escrevi 24 de agosto de 2008
quando não pensava
na tua pele
linda e desnuda
2008 não era o vinho
que embebedava
mas a rua


24 de agosto de 2012 - Montevideo - Inverno

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

vontade de ficar um pouco mais
tão cheirosa de bergamota
tão chuvosa de amores
escorregadia nas folhas dos plátanos
que transbordam
em vendedores ambulantes
dos namorados em La Cigale
da fumaça do meu cabelo
dos perdidos no fundo das calçadas
das saudades
antes de partir.
vou flanar nessa madrugada
te encontrar naquela calle
onde perdi meus sapatos



23/08/2012 - Montevideo

Não quero saber

de chicos que toquem violão

prefiro cortar os dedos

enquanto descasco batatas!

 

23/08/2012 - Montevideo

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Aos do Banco Comercial


Seis e meia da tarde
No passo do relógio urbano
O banco comercial vazio
As cinzas dos cigarros
Perambulam em conversas desmedidas
Repassando de boca em boca
Pela ponta da piteira
O beijo roubado
Dos caixas que atendem
As viúvas que pedem pensão vitalícia.

23/08/2012 – Inverno – Montevideo – para o casal do banco comercial que fuma, às seis e meia da tarde, quando passo para a Facultad de Humanidades.

Heladeria


Cuando pienso que voy
A mirar las estrellas
Vuelve la lluvia
E me quedo en la esquina
Tomando un helado



22/08/2012 – Inverno – Montevideo – Para os días de chuva e estrelas

quinta-feira, 16 de agosto de 2012


passou los cumples
as pedras ainda seguem
nos ombros das ilusões
casada com os concretos
de um pequeno escapulário
que segue dessangrando
o solitário coração


 15/08/2012 – Inverno - Montevideo

quarta-feira, 8 de agosto de 2012



gosto do silêncio compartilhado
horas noturnas
dias por amanhecer
as telas tocam
aquilo que necessariamente alcanço
então bêbada da noite
na maçã de uma boca estranha
respiro o ar metálico do computador

pelotas – inverno – 08/08/2012 – em horas de madrugada

Plic, plac


plic, plac
plic, plac
lá vai o sapato
lá vai o sapato
plic, plac
plica, plac
com pressa estou
com pressa estou
plic, plac
plic, plac
caminhoneta turbo
caminhoneta turbo
plic, plac
plic, plac
lá vem o escort
lá vem o escort
plic, plac
plic, plac
tomara que pare
tomara que pare
plic, plac
plic, plac
não parou
não parou
plic, plac
plic, plac

morta estou
morta estou
plic, plac
plic, plac
seguiram os sapatos
seguiram os sapatos
plic, plac
plic, plac
sem alma estou
sem alma estou
plic, plac
plic, plac
poeta eu sou
poeta eu sou!