sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Duplicado Carnaval


Duplicado carnaval
no redondo da praça
Soltando beijos
aos cachorros
e fantasiada de variedades.
Passei a mão
nas pernas esvoaçantes
da moça gorda da XV.
Dei um tapinha no moçoilo
que se vestia de mandarim
peguei a pluma, esfarrapada
e dali segui o cortejo
no compasso do pandeiro e tamborim

Folião Sul

as plumas do jacarandá
e a contemplação sulina
põe feitiço
feitiço indecente
se olharem de longe
não notarão
menino
menino
se cair uma lantejoula 
no chão
todos saberão!
menino
menino
Folião

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Silêncio Grito



Gritar-te
E assim gritar-me
Eco no eco
Surdo
Lejos y ayer
Doendo pedras
 Libros
Gritar desde el sonido
Mudo,
Calado,
Gritar em si e ser dois.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Manhã de Quarta-feira de Cinzas



E amanheceu assim
lindo e triste.
Amanheceu triste
a derradeira gota
lágrimas de sol
intenso e triste.
Manhã de Quarta-feira de Cinzas.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Carnaval de Espelhos



Diante do espelho
Ela sorri
Caem do seu rosto
Estrelas
Ó carnaval de esmeraldas!

Vidro de Perfume



Ela ainda guarda
No fundo da gaveta
A gota derradeira
Do perfume dele
Esvaziado o vidro
Some a existente ausência dele
Então esconde
Num tom delicado
O perfume roubado
De seu único amor.

Humano



Quando chove
é como se meus brotos
cabeça
cabelos
braços
pernas
coração
surgissem novamente
não renascendo
nascendo apenas
como coisa nova
revigorada e
com mais de vida
planta selvagem e daninha.
Na chuva transformo-me
em eu momentâneo
fugidio e vazio
nasço sem dores
sem a casca de Kafka
nascimento de plantas-corpo
natureza sangrando
sem o medo da morte
se chove sou viva e otimista
luz
treva
mistura
calma.
Se chovo é por que nasço
por que água viva
pulsa nas veias febris
da louca poeta.
E grito!
Desorientadamente grito!
Por ser apenas
um pó humano.