quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Na gira da saia

Na ginga da preta
[mamá vieja]
com saia y flor
rodava a moça
com pés revirados
sua gira ladina
- pintava diferente aquele quadro de Monsueto –
dava gracias ao seu orixá
gracias y sorria
- yo sé chica
Yo lo sé
para quem tu roda
          essa tua saia
composta de
chita
fulô

y guerra

Sapatos Sazonais

Os sapatos
   pingam flores
aquelas flores pingadas
    em primavera
as flores amarelas
debulhadas em lágrimas;
de baixo
    da tal roseira
o sapato
    por fim
dita seu drama
aquele drama
de calcanhar
de recalque ao andar
de acanhar
aquele acanhar rosado;
de vez em quando
os sapatos pingam
aquela vontade
[sem ter com os outros]
Aquela coisa de se governar
de vestir uniforme da Guarda Municipal
y bailar de braços
com o Nariz
aquele Nariz metido
sapatos sazonais
de sazonais andanças
aquelas andanças callejeras
em luminosos espectros
de coração vadio

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Desde a Oriental Banda o cheiro indecente da primavera

 que saudades tive
daquelas que se aperta
e se amarga
que falta
         som
falta ar;
cada vez que se canta
corre uma ânsia
saudosa
que te traz para a retina
subindo até a cabeça
invadindo o corpo
feito amante
insuportável
insuportável
a essa hora
quando corre
o vento
esse ar indecente
               da primavera
a essa hora
é como se tu ditasse
o cheiro da Banda Oriental
                  da Oriental Banda
que hora!
Que horas!
que não se chegam
que não se acabam
horas essas
que ditas
esse
ar
indecente
                 de primavera
desde a Oriental Banda

e causa coceira nos olhos.

Átomos desordenados del puente

Será que tu ainda
pensa
nos 
     átomos
desordenados
do cérebro dele?
Está tudo virado
em um embole total!
Hacerte aparecer
enrolado em objetos
faz parte da desordenação
do nós nos outros;
será que tu ainda tem átomos?
Água fervente em bolhas de vapor
por que não usa esse puente
 como escuro do mundo?
Usa e atravessa!
Sentirás la mirada de dois
Sóis
Y
Darás gracias!
*a partir de Quase um segundo de Cazuza e Puente de Gustavo Cerati

          

Satolep Marginal

Será que veremos
a Satolep marginal?
Deixarão casarões de lado?
Los tamboriles falarão en la plaza?
Vamos fazer una comparsa?
Um maçambique?
Um despacho?
Uma macumba?
Vamos incendiar!
Incendiar!
Tocar fogo
E deixar que respingue
Que se tinja colores
Y que sea fuerte!
Fuerte!



O poeta se fundou na crina do cavalo

o poeta se fundou
na crina do cavalo
não por que gostasse de cavalo
mas por ter sido enlaçado
pela cintura
- cascos patas e tudo -
e com ele
se indo a dançar valsa


primavera13

Não Lagunero

Por fim
não escrevi
poemas laguneros
construí
     alguns
madeirames urbanos
e com eles delirei
hasta los andares
tontos do caderno azul;
construí sim
com pau pobre de memória
a dor fantástica de pari-los
como parindo barcos

e assim naveguei