quarta-feira, 23 de julho de 2014

Chuva na Repartição

Chove
   Novamente
Na repartição
     Pública
Os passarinhos
     Se
          Abrigam
No
    Telhado
Enquanto tomo café
São umas chuvas fortes
Tal
   Vez
Vindas da Banda Oriental
Este poema 34
Das colagens da tua barriga
Cai nos meus
         Dedos
Grosseiramente
      Do
Tamanhos dos pingos
Que
Regam a chuva
- golpeadas de cheiro doce
Com pontadas de murmurinho.
A cozinha está na
           Penumbra
O médico apareceu
Na porta
    Mas fingi cega y
Surda
Só por que quis
Y por
Não gostar
Dele
O pulso dói
  Pero
El poema no
   Para
Está como louco
     Entre os dedos
Da minha memória.
A hora do café
Perco la hora
De café
Inventando estrofes
Atenta aos movimentos
[nadie entra a cortar]
Y
Yo
Sigo
Feito una canción de cuna


segunda-feira, 21 de julho de 2014

Com Clarissa sobre o Amor

Falo com
    Clarissa
sobre o que pode ser
o  
    amor
y
pienso
que estou diacronica
diabólica
 [velha gata querendo esconder a pelagem
                                         na almohada
de algum tocador de violão]
soy nova
diz
    Clarissa
y eu contesto
aplicando um Jorge de lambuja
y
lhe confesso
no
no
hay
esperanças concretas
     pero
vivo el amor
com preguiça
[pantufas batendo na porta da cabeça]
Clarissa diz
que se apaixonou novamente
y
que la vida
és un montón de surpresa
y
bueno
no é por desistência
y sim
por poesia
que el amor
se uniu ao gato preto
que comeu o cupido
por engano.

Las Retinas

Las retinas
Dele
Ainda
    Hay lágrimas
Pero
   No
      Puedo
Mais
Secar-las
Tal
    Vez
Deva ser
Así
Por que
Nosotros
Nos separamos
Desde el tiempo
Daquelas tratas malditas
Y
Como sufre aún
Mi piel
Por falta da tua
Por que aún
Te quiero
Con ganas y amor
Con ódio e desprezo
No lixo diário
Dos tropicões dos meus sapatos.
Mi
Piel
Aún reclama
Y desde los tempos
Daquelas malditas tratas.


Parece La

Parece "la"
ou será "si"?
Capaz que seja "si"
o barulho da chuva
caindo no piso
da repartição
pública.
O relógio do pulso
marca 16:10
e
1 chuva
2 chuvas
3 chuvas
ecoam na cabeça do poeta público
- sujo
- surdo
- silábico
em porres de tesoura
não sendo o que é.
Chove
pero chove
aquelas tardes
em gris
de solitário
y vagabundo tardio
- borracho de um talvez meio amargo -
por que chove coisas bonitas
y 
tengo ganas de ir até
a primavera
só para ver o que se passa
pero
é inverno aún

Envidraçado

A jaula de vidro
onde se encontra
não é o suficiente
para impedi-lo
de ir
até o
por do sol
numa lucidez de Ícaro.
A barra rosa ladeada
pelo azul escuro
bordada de carros y gritos
deixa una alucinación herbal
que tinge a retina
en disparadas de coração
que flutua na faixa de pedestres
com rajadas de ansiedade.
O policial bateu no vidro
pero
Carajo!
Ainda hay
Uma hora y pico
para findar o expediente
y
que sei eu
do por do sol
envidraçado?  


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Aquelas Coisas Perdidas

E por que o sol
         nasce
e não sou eu
e não sou de 
                     ninguém
do vento 
     tempo
santos
em negros sendo
o carnaval da minha 
própria costela
da barriga
que se aperta de
hambre!
Por que já no soy
lo que fui
soy apenas un amarillo
                       velho y brilhante
com esperança
          sendo cigarro
na
       tua
tatuagem cigana
por que se move
o rio interno
    que me corta em partes
y sigo siendo a 
lama que sai do ventre
junto com aquele
sangue
    que virou abóbora
por que 
          no soy
flor daquele espinho
aquele que te 
         cravou
y machucou
         até deixar
teu rastro na neve*
por que não quiero
             y
                    acredito
que
      haverá
um fim bonito
um dia em 
chuva
        sol
flor de jacinto
       y
          mi
alma
reencontrando
aquellas
    aquellas coisas perdidas



*Lembrança do Conto 
o Rastro do teu Sangue na Neve de García Márquez