quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Rosto Vermelho



Dois passos atrás, um adelante, assim feito flaneur, percorri de uma ponta a outra a Boulevard Artigas. As horas regiam meus passos pelo maldito relógio que levava no pulso.
Encontrei nas estátuas de mármore toda inquietude de Nietzsche em Turim. Pareciam luzes de Porto Alegre do século XIX, mas estava ciente de que era Montevideo do século XXI. São tão gêmeas, como distantes!
Na passada com a Rua Libertad, encontrei Fabini, apertei seu braço, num gesto de afeto e gratidão, depois, caí feito louco nos pés de jasmim miúdo. Na casa ainda sem definição, fui atingido na cabeça por um pedaço de maçã concretada e me causou risa, por que a moça puta da esquina me queria.
Resolvi retornar, já me sentia fatigado e suado, além do mais, o tédio dos bares naquela noite me causaram angústia, um ar de melancolia, como se não fosse voltar naquele lugar.
Atravessei a ponte da Gazeta – não se chama ponte da gazeta, revolvi assim apelidar esse trajeto por estar perto do jornal onde trabalho – foi ali, em tons de roxo e loucura, numa noite de chuva e calor, que avistei um casal de namorados.
Ao ver meu vulto sob as luzes cor de laranja de Montevideo/Porto Alegre, se desfez o abraço, então percebi o quão constrangedor era namorar àquelas horas da madrugada.
Passei cabisbaixo, acenei para o rapaz, me senti viúvo e ao mesmo tempo inundado por aquela paixão, como se ela fosse minha, somente de chegar perto dos noivos. Então, quando levantei meu rosto, vi a linda namorada ficar vermelha e assim, num encantado mundo de desajeitados do amor, se desfez a noite de agosto de 2012.

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