Dois passos atrás,
um adelante, assim feito flaneur, percorri de uma ponta a outra a Boulevard
Artigas. As horas regiam meus passos pelo maldito relógio que levava no pulso.
Encontrei nas estátuas
de mármore toda inquietude de Nietzsche em Turim. Pareciam luzes de Porto
Alegre do século XIX, mas estava ciente de que era Montevideo do século XXI. São
tão gêmeas, como distantes!
Na passada com a
Rua Libertad, encontrei Fabini, apertei seu braço, num gesto de afeto e gratidão,
depois, caí feito louco nos pés de jasmim miúdo. Na casa ainda sem definição,
fui atingido na cabeça por um pedaço de maçã concretada e me causou risa, por
que a moça puta da esquina me queria.
Resolvi retornar,
já me sentia fatigado e suado, além do mais, o tédio dos bares naquela noite me
causaram angústia, um ar de melancolia, como se não fosse voltar naquele lugar.
Atravessei a ponte
da Gazeta – não se chama ponte da gazeta, revolvi assim apelidar esse trajeto
por estar perto do jornal onde trabalho – foi ali, em tons de roxo e loucura,
numa noite de chuva e calor, que avistei um casal de namorados.
Ao ver meu vulto
sob as luzes cor de laranja de Montevideo/Porto Alegre, se desfez o abraço,
então percebi o quão constrangedor era namorar àquelas horas da madrugada.
Passei cabisbaixo,
acenei para o rapaz, me senti viúvo e ao mesmo tempo inundado por aquela paixão,
como se ela fosse minha, somente de chegar perto dos noivos. Então, quando
levantei meu rosto, vi a linda namorada ficar vermelha e assim, num encantado
mundo de desajeitados do amor, se desfez a noite de agosto de 2012.
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