segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Frio e Quente: O duplo pampeano


Sigo a linha fria do horizonte, me perco nas curvas do mar, percorro o norte buscando o sul. Sinto desejos impossíveis vindos de toda a parte desse território e me envolvo neles como se fosse uma criança comendo bala.
Sigo a linha fria da terra, me perdendo em verdes curvas, em veredas congeladas, em estáticas massas de ventos cristalizados, em arrepios de velhas senhoras “sudamericanas”, em vinhos densos, em brisas de santos cheios de promessas.
 Sigo a linha quente dos tamboris, dos velhos casarios em desalinhos temporais, de leves veranillos de agosto em tons de primavera. Sigo o caminho da rambla oriental, da cor do carnaval em fevereiro febrilmente desconectado. Sigo o punhal frio de um amor partido, de um amor sussurrado, de um inverno colorido-desbotado, das franjas da encosta do Prata, da doce tarde avermelhada da Colônia do Sacramento, do desatino ao ver a flor lilás surgindo sobre o telhado das casas. A rama do cabelo vermelho da moça descalça e desamparada. Assim surge, à beira do desapego, o sorriso manso e sereno, do jovem que avista do mar, aquela ciudad onde percebeu o tom de cada cor.

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