domingo, 11 de maio de 2014

Vila de São Luís

Entrou uma borboleta
no meu quarto
- daquelas da luz –
bem na hora em que
abri o dicionário
na letra ‘e’ e tomei o conceito de ética
           Paulo Freire
realmente foi um grande professor.
O ar quente está ligado
- a borboleta se grudou no guarda-roupas –
lembrei do dia
que caminhei com meu irmão
pela Vila de São Luís
os campos
as vacas
os porcos tomando banho de sol
as ovelhas de cara preta
y toda aquela atmosfera campesina
a bucólica borboleta romântica
volando nas patas do potro
que arrebenta a porteira
a porta da cabeça
dos sueños
a porta da cabeça
das antiguidades
das antigas idades platinas
nas planícies de flor miúda
brotando em caule de fértil pincel.
Caminamos por la Vila de São Luís
Por la ruína
na torreira do sol jaguarense
e no cheiro de mato fechado
e crianças se embalando nas árvores.
Os pequenos casebres
onde a internet não fez estrago
e homens fumam cigarro enrolado
y cuidando suas galinhas.
Nas pequenas pedras do caminho de São Luís
lembrei da infância
da garnisé preta
do tempo correndo vagarosamente
- assim como deseja Pepe –
das madeiras ainda por se tornar casa
e das casas novas esperando gente que quer tempo
o fluxo do campo
y a contemplação de por do sol diário
desde o balcão da sala
até a ponta dos dedos.


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