segunda-feira, 29 de abril de 2013

Poema para a Enfermaria

revirados pisos
cheios de fantasmas e sonhos
deleitados de amores e escombros
o branco do vestido
reascende tempos doloridos.
a escadaria vê o nascer do sol
que brilhará 
noite
dia
cantando doces vazios
carregados de história
e decadência.
Sinto-me mareado e risonho
mirando a costa 
e o cheiro nostálgico
imaginando descaminhos.
Ladrilho por ladrilho
despenca
cai arruína
a cada passo mais distante
o coração enfermaria.
Atrás da fumaça
cortina
de calma
fúria
melancolia.
Las manos  blanca y negra
atravessam o passado.
De repente 
esvaziado o peito
corredores em naufrágio
anunciam brotos de flores novas
no coliseu.
Adoentada
virando esperança 
da periferia
destroçada fez-se 
em novas moradias
calçadas
buracos
pedras
queixumes
romarias.
Oscuramente os olhos pesados
vigiam a cidade de velhos retrógrados cavalheiros
e mergulha em um mar triste.
Transeunte do tempo
templo à beira do esquecimento
e podridão
criando armadilhas de pau e memória.
Luto e alegria!
Entrego
versos tortos de novenas
ao último
enfermaria.

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