sexta-feira, 4 de abril de 2014

O Comensal da Estação

O comensal da Estação
aquele uniforme
de guarda de banco
e ninguém admite
 - que belo
não se admite
que come sozinho
atrás da estação
- sozinho
- num lance entre ele, a comida, o prato, e os talhares
- todos cantarolando alguma coisa para os trilhos.
Entonces el sai
como quem quer tudo
contempla a árvore de algodão doce
da Praça João Gomes
enquanto um poeta o observa
- fiscal
- camisa
- o andar que esnobe se fez
e o comensal
sem o soluço dos trabalhadores da pedra
percorre a avenida sem perceber o que está em volta.
- vive com a barriga presa em seu uniforme
o uniforme alinhado de guarda de banco
- que não percebe os olhos do poeta
desde o reflexo frontal
da velha estação comensal.

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